14 junho 2006

György Ligeti (1923-2006)

Como melómano que sou, não podia deixar passar em claro a triste notícia do falecimento de um dos maiores compositores do séc. XX: György Ligeti, judeu húngaro nascido na Roménia e naturalizado austríaco. Resta-me a consolação de saber que, por cada um que morre, há um jovem que surge, pega no testemunho e faz o seu próprio trabalho de criação, que é tão bom como o anterior e tem a marca do seu próprio (novo) tempo.

Para o grande público afastado da cena musical dita "clássica", o nome de Ligeti não diz nada mas, para muitas pessoas, os filmes de Stanley Kubrick 2001, Odisseia no Espaço, Shining e Eyes Wide Shut já dizem. Pois estes filmes incluem música de György Ligeti nas suas bandas sonoras.

Como exemplos da música de György Ligeti, proponho que se ouçam dois trechos:

Lux Aeterna, obra composta em 1966; faz parte da banda sonora do filme 2001, Odisseia no Espaço; esta peça é ouvida no início do filme, numa cena em que um grupo de pré-hominídeos rodeia um obelisco;

3º andamento (Vivace Cantabile) do Concerto para Piano, obra composta em 1985-88; esta peça pertence a uma fase da criação do compositor em que o cromatismo já não é tão intenso como na peça anterior, mas dá lugar, em parte, ao ritmo.

Comentários: 4

Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

É essa mesma a cena que é ilustrada por um trecho da peça Lux Aeterna.

Há uma outra passagem do filme, já quase no fim, em que se ouve música de Ligeti, igualmente cromática. É uma cena em que a nave espacial se desloca vertiginosamente pelo Espaço, vendo-se passar pela cara do astronauta luzes diversas. Eu vi o filme há muitos anos e já não tenho bem presente na memória esta cena, para poder descrevê-la com mais pormenor. A música que nela se ouve é um trecho de Atmosphères.

Fora do cinema, a obra mais conhecida de Ligeti é a sua ópera Le Grand Macabre, de que poderás ouvir este trecho em que são imitadas buzinas de automóveis (com fagotes, talvez).

Este e outros trechos de Ligeti podem ser ouvidos no sítio oficial do compositor: http://www.gyoergy-ligeti.de/

15 junho, 2006 01:09  
Blogger Terra escreveu...

Meu amigo,
Que bom que não desapareceste!
Também eu fiz o exercício de adormecer o blog, já que me sentia prejudicada em afazeres prioritários.
Mas algo me faltava: mais do que o blog, em si, a interacção com alguns "visitantes" (?)
Talvez. Resolvi voltar. A outro ritmo, sim; mas voltar.
Um abraço.

18 junho, 2006 05:43  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Minha amiga, é bom saber que também tu estás por aí. Parece que temos problemas semelhantes, embora os nossos afazeres sejam muito diferentes.

Então agora chamas-te Phwo com H? Seja. Tu é que sabes, tu é que és a kacokwe. Mas depois não te admires se alguém te chamar Fwo! Para a maioria das pessoas, PH = F, como sabes...

Kandandu konene

18 junho, 2006 11:25  
Blogger Terra escreveu...

Pois é... Phwo.
De facto, até se estabelecerem rigorosamente as regras gráficas e se convencionar a sonoridade dos fonemas, andaremos nesta espécie de transcrição ou transliteração.
Mas, FWO, não andaria muito longe da sonoridade desta palavra.
Para os anglófonos, a letra "P" já pressupõe um "sopro" na pronúncia. Na literatura em português está generalizada a palavra "PWO", mas em Angola, os estudiosos da língua aconselham ao uso do "H", para dar a sonoridade de um "F" suave. Acho que faz sentido. De facto, a forma que mais se aproximaria da pronúncia local seria "PFWO" e até já vi assim escrito na literatura colonial (esqueço-me agora do autor, desculpa), bem como "PUÓ"
Enfim... não há como o estabelecimento de normas para que não haja "tentações".
Um beijinho.

19 junho, 2006 15:56  

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