09 outubro 2006

Léopold Sédar Senghor, 100 anos

Léopold Sédar Senghor em 1985 (Foto: Frank Perry)


FEMME NOIRE

Femme nue, femme noire
Vétue de ta couleur qui est vie, de ta forme qui est beauté
J'ai grandi à ton ombre; la douceur de tes mains bandait mes yeux
Et voilà qu'au coeur de l'Eté et de Midi,
Je te découvre, Terre promise, du haut d'un haut col calciné
Et ta beauté me foudroie en plein coeur, comme l'éclair d'un aigle
Femme nue, femme obscure
Fruit mûr à la chair ferme, sombres extases du vin noir, bouche qui fais lyrique ma bouche
Savane aux horizons purs, savane qui frémis aux caresses ferventes du Vent d'Est
Tamtam sculpté, tamtam tendu qui gronde sous les doigts du vainqueur
Ta voix grave de contralto est le chant spirituel de l'Aimée
Femme noire, femme obscure
Huile que ne ride nul souffle, huile calme aux flancs de l'athlète, aux flancs des princes du Mali
Gazelle aux attaches célestes, les perles sont étoiles sur la nuit de ta peau.
Délices des jeux de l'Esprit, les reflets de l'or ronge ta peau qui se moire
A l'ombre de ta chevelure, s'éclaire mon angoisse aux soleils prochains de tes yeux.
Femme nue, femme noire
Je chante ta beauté qui passe, forme que je fixe dans l'Eternel
Avant que le destin jaloux ne te réduise en cendres pour nourrir les racines de la vie.

Comentários: 11

Blogger Terra escreveu...

E para revelar algo mais de L.Senghor, uma pequena passagem da comunicação que apresentei o mês passado no Simpósio de Cultura, em Luanda:

«Em África é importante ressaltar o nome da franco-senegalesa Germaine Acogny, a primeira coreógrafa africana a defender não apenas a formação em dança, mas sobretudo a pretender que a dança africana transcendesse os moldes do tradicional e acompanhasse as correntes universais. Numa iniciativa conjunta com o coreógrafo belga Maurice Béjart, e apoiada pelo presidente Léopold Senghor, é criada em Dakar, em 1977 a ?Moudra Afrique?, talvez a primeira escola de dança moderna no continente (exceptua-se a África do Sul e Angola) a qual, apesar da sua curta duração, alertou para a importância de uma abertura no plano da dança em África.»

Um abraço

11 outubro, 2006 02:13  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11 outubro, 2006 10:52  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11 outubro, 2006 10:56  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Antes que alguém pense que Senghor está vivo, quero informar que ele faleceu em 2001. Faço este reparo porque o título deste artigo pode dar a entender que Senghor é agora um velhinho centenário. Não é.

Phwo, muito obrigado pela tua intervenção, mostrando que, mesmo enquanto político, Senghor nunca deixou de ser um homem de cultura. Os teus comentários são sempre enriquecedores.

Planaltobie, no que diz respeito às relações de Senghor com a lusofonia e com Portugal, ele mesmo escreveu:

"Les Senghor se trouvent surtout en Casamance, à la frontière de l'ancienne Guinée portugaise, cédée par échange à la France. Senghor vient du portugais Senhor, et c'est probablement pourquoi il y a un "h". Cela signifierait donc "Monsieur". J'ai probablement une goutte de sang portugais, car je suis du groupe sanguin "A", qui est fréquent en Europe, mais rare en Afrique noire".

E no poema "Élégie des saudades", ele escreveu:

"J'écoute au fond de moi le chant à voix d'ombre des saudades.
Est-ce la voix ancienne, la goutte de sang portugais qui
remonte du fond des âges?
Mon nom qui remonte à sa source?
Goutte de sang ou bien Senhor, le sobriquet qu'un capitaine
donna autrefois à un brave laptot?
J'ai retrouvé mon sang, j'ai découvert mon nom l'autre
année à Coïmbre, sous la brousse des livres".

11 outubro, 2006 11:00  
Blogger João Carlos Carranca escreveu...

Um grande Senhor.

11 outubro, 2006 22:50  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

JotaCê Carranca, Léopold Senghor foi, pelo menos, exemplar no facto de ter respeitado as regras da Democracia, abandonando a cadeira do poder voluntariamente, o que é raro em África. A maioria dos presidentes africanos, como sabe, agarram-se como lapas ao poder e só o largam através de um golpe de estado. Cabe ainda lembrar que entre as honrosas excepções (que deviam ser a regra) estão Nelson Mandela e Joaquim Chissano.

12 outubro, 2006 23:14  
Blogger inominável escreveu...

A voz do Senegal, do mundo negro, do mundo todo...

15 outubro, 2006 23:36  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Inominável, como certamente saberá, a corrente literária da Negritude, que Senghor fundou com o antilhano Aimé Césaire, também se estendeu à língua portuguesa. O nome que mais se destacou na Negritude lusófona foi, sem dúvida, o do santomense Francisco José Tenreiro. Já me senti tentado a publicar aqui no blog o seu poema "Coração em África", mas desisti por causa do seu tamanho, demasiado para um blog. Francisco José Tenreiro tem outros magníficos poemas, é verdade, mas o "Coração em África" fala-me mais ao... coração.

16 outubro, 2006 22:34  
Blogger inominável escreveu...

Oi... obrigada por comentar o meu post... claro que Senghor também vingou em português... e creio que com particular destaque no Brasil, embora agora não me recorde de nenhum nome. Mas lembro-me de ler um livro que se chama "Poesia Negrada", que reunia poemas brasileiros e dos PALOP.

Daí a minha gradação do particular ao internacional... mas, se não me engano, a sua poesia e ideologia foram sobretudo ouvidas no mundo francófono (por razões óbvias!)...

19 outubro, 2006 14:47  
Anonymous Anónimo escreveu...

Foi pena que este homem de Casamance, não tivesse "forçado a história", de maneira a diminuir o conflito Senegal/Bissau/Casamance, cujas consequencias têm sobrado para a Pátria de Amilcar Cabral...Este tambem navegou em muitos equívocos. Antº Rosinha, Alverca

22 outubro, 2006 15:18  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Antº Rosinha, eu não sei como é que Léopold Senghor poderia ter "forçado a História" no sentido que refere. Aquela região de África é bastante complicada, por causa das divisões e redivisões territoriais impostas pelas potências coloniais e herdadas destas. Basta atentar na existência da Gâmbia, que é um "dedo" metido pelo Senegal dentro, quase o separando em dois. Só por si, este facto "empurra" Casamança para tendências separatistas em relação ao restante Senegal, mesmo que não existissem diferenças étnicas entre as duas partes. As diferenças entre Casamança e o resto do Senegal são acentuadas pelas afinidades étnicas e culturais que aquela região tem com a Guiné-Bissau. Assim, mesmo que a Pátria de Amílcar Cabral se quisesse manter afastada do conflito de Casamança, não o conseguiria. Não foi pelos lindos olhos de Nino Vieira que o Senegal o apoiou na guerra civil guineenese de 1998/99, como não foi pelos lindos olhos de Abdulaye Wade que as tropas da Guiné-Bissau combateram os separatistas de Casamança há poucos meses na região de São Domingos.

Quanto aos equívocos de Amílcar Cabral de que fala, não sei a que equívocos é que se refere. Talvez um deles seja a falhada união política entre a Guiné e Cabo Verde. Não me parece que este falhanço tenha sido um equívoco propriamente dito, porque ele permitiu, pelo menos, arregimentar para a luta anticolonial um valioso conjunto de quadros caboverdianos. Sem eles, certamente que o PAIGC não teria condições de fazer uma guerra tão eficaz como a que efectivamente fez.

23 outubro, 2006 14:47  

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