18 maio 2007

O Senhor de Matosinhos


A igreja do Senhor de Matosinhos apresenta uma fachada de grande beleza e harmonia, concebida pelo grande arquitecto italiano Nicolau Nasoni (Foto: Rota Brasil Oeste)

Vão ter lugar em Matosinhos, durante as duas próximas semanas, as festas dedicadas ao Senhor de Matosinhos. Este ano, elas deverão ser particularmente animadas, pois os adeptos do clube de futebol da cidade (o Leixões) certamente aproveitarão a oportunidade para celebrar condignamente a subida de divisão...

A imagem do Senhor de Matosinhos tem sido alvo de grande devoção popular ao longo dos séculos, não só em Matosinhos, mas um pouco por toda a região do Porto. Lembro que, na Rua dos Canastreiros, no Barredo, bem no coração do Porto antigo, existe um nicho onde também esteve exposta uma imagem do Senhor de Matosinhos.

Levado pelos emigrantes desta região, o culto ao Senhor de Matosinhos estendeu-se até ao Brasil, onde ainda persiste em muitos locais, nomeadamente no Estado de Minas Gerais.

À imagem do Bom Jesus de Matosinhos está associada uma lenda, que passo a transcrever do sítio Lendas de Portugal:

Segundo a tradição, a imagem do Senhor de Matosinhos é uma das mais antigas de toda a cristandade. A lenda diz que esta imagem foi esculpida por Nicodemos, que assistiu aos últimos momentos de vida de Jesus, sendo por isso considerada uma cópia fiel do seu rosto. Nicodemos esculpiu mais quatro imagens mas esta é considerada a primeira e a mais perfeita. A imagem é oca porque nela teria Nicodemos escondido os instrumentos da Paixão e, nesses tempos de perseguição, os objectos sagrados eram escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira. Nicodemos atirou a imagem ao mar Mediterrâneo, na Judeia, e esta foi levada pelas águas, passou o estreito de Gibraltar e veio dar à praia de Matosinhos, perdendo na viagem um braço. A população de Bouças ergueu-lhe um templo e designou a imagem por Nosso Senhor de Bouças, venerando-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres. Mas um dia, andava uma mulher na praia de Matosinhos a apanhar lenha para a sua lareira, quando encontrou um pedaço de madeira que juntou aos restantes. Em casa, lançou-o ao fogo mas este pedaço saltou da lareira não só da primeira, mas como de todas as vezes que ela o tentava queimar. A sua filha, muda de nascença, fazia-lhe gestos desesperados para que dizer qualquer coisa e, por fim, balbuciou, perante o espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor das Bouças. Assombrada pelo milagre a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que parecia que nunca dela se tinha separado. No século XVI, a imagem foi mudada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Nosso Senhor de Matosinhos.


A povoação de Bouças de que fala a lenda é uma antiga povoação, que no passado foi a sede do concelho a que Matosinhos pertencia. Bouças cresceu em torno de um mosteiro muito antigo, o mosteiro de Sendim de Bouças, e localizava-se entre Matosinhos e a Senhora da Hora. Com o desenvolvimento de Matosinhos, Bouças foi-se apagando, até que a sede do concelho passou para Matosinhos.

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