02 julho 2007

Abertura "1812", de Tchaikovsky


Infantaria russa do tempo de Napoleão (Imagem: Collectible Toy Soldiers)


O russo Pyotr Ilyitch Tchaikovsky (1840-1893) foi um dos mais proeminentes compositores europeus do período romântico, período este que englobou praticamente todo o séc. XIX e o princípio do séc. XX. Muitas das obras deste compositor são conhecidas e admiradas em todo o mundo, graças às belas melodias que contêm e às sugestivas orquestrações que ele lhes fez. Tchaikovsky é, sobretudo, admirado pelos seus bailados, com particular destaque para "O Lago dos Cisnes", "A Bela Adormecida" e "O Quebra-nozes". No entanto, não podemos esquecer a sua celebrada "Sinfonia Patética", a sua ópera "Eugénio Onegin" ou a sua Sinfonia nº 5.

Igualmente dentro do estilo próprio da época romântica é a sua Abertura "1812", a qual atinge uma apoteose que é verdadeiramente inultrapassável. Esta abertura evoca a invasão da Rússia por Napoleão, ocorrida no ano 1812, e a subsequente derrota das tropas francesas.

A abertura começa por apresentar uma melodia leve e tranquila, que sugere a vida pacífica que os russos teriam naquela época. A partir de certa altura, o ambiente torna-se pesado e angustiado, dando a entender a ameaça que se começa a perfilar no horizonte. Os acordes da "Marselhesa", em tom triunfal, e o fragor dos combates evocam o avanço imparável das tropas francesas. A partir de certa altura, contrapõe-se à "Marselhesa" uma melodia popular russa, a qual sugere a organização da resistência por parte dos russos às tropas invasoras. Dá-se por fim o confronto entre russos e franceses, em que se ouvem tiros de canhão e tudo! Deve ter sido a primeira vez na História em que o canhão foi utilizado como instrumento musical... (Correcção: Antes de Tchaikovsky, já Beethoven tinha incluído tiros de canhão numa sua obra, que é muito pouco executada). No fim da peça, o repicar dos sinos vem juntar-se ao fragor dos tiros de canhão, numa celebração da vitória russa sobre Napoleão.

Feita esta breve e incompleta apresentação da obra, proponho que a ouçamos.

Abertura "1812", de Pyotr Ilyitch Tchaikovsky

Comentários: 8

Blogger Terra escreveu...

Este comentário foi removido pelo autor.

02 julho, 2007 18:09  
Blogger Terra escreveu...

Interessante, como através da arte se podem perceber a história e os vários contextos sociais.
Caro Denudado, obrigada por mais este post.
Embora, como devas imaginar, conheça bem a obra deste compositor, dada a sua estreita colaboração com M.Petipa (justamente nestas três obras que referes), uma das grandes referências da coreografia clássica do séc. XIX), nunca é demais parar para ouvir o lado menos visível de P. I. Tchaikovsky.
Abraço.

02 julho, 2007 18:12  
Anonymous Anónimo escreveu...

O meu avô "obrigou-me" a ouvir esta peça vezes sem conta e ainda bem que o fez. Ficava em êxtase quando ouvia Tchaikovsky, e só me dizia: isto é que é música! Só uns anos mais tarde é que percebi o que ele queria dizer, exactamente. É que os ouvidos também amadurecem.

02 julho, 2007 20:22  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

As qualidades de Tchaikovsky como melodista não são muito visíveis na Abertura "1812", é um facto, mas são por demais evidentes nos seus bailados, por exemplo, que são uma sucessão de melodias sob a forma de valsas, polkas, mazurkas, etc.

Aqui pode ser ouvida uma sua Dança Espanhola, em que à beleza da melodia se junta o brilho da orquestração, bem ao jeito de Tchaikovsky.

04 julho, 2007 17:24  
Blogger RCUNHA escreveu...

Caro Denudado

Tive o privilégio de assistir a 1812 no forte copacabana, pela OSB regida por Yeruham Sharowsky. Até morrer jamais esquecerei, pois jamais imaginava que iria ouví-la no Brasil pessoalmente. A orquestra estava ótima e os artilheiros do forte com rara inspiração

26 dezembro, 2010 23:34  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Prezado/a RCunha,

Eu também gostaria de ter assistido. A força da Abertura 1812 é arrepiante.

Volte sempre.

27 dezembro, 2010 17:48  
Blogger Ruy escreveu...

Olá, para mim, uma das obras mais valiosas de Tchaikovsky, tive a oportunidade de ver e ouvir ao vivo por 3 vezes aqui em Porto Alegre - Brasil, o final é de arrepiar. Abraços. Ruy Lima

14 julho, 2011 18:36  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Ruy Lima,
Muito obrigado pela sua visita e pelo seu comentário. Volte sempre.

A obra que Beethoven compôs e que também inclui tiros de artilharia é uma peça sinfónica chamada Vitória de Wellington ou Batalha de Vitória, que Beethoven compôs para comemorar o triunfo das tropas do Duque de Wellington sobre as tropas napoleónicas, numa batalha ocorrida nas proximidades da cidade de Vitória, no País Basco, norte de Espanha, em 1813.

21 julho, 2011 23:51  

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