22 maio 2013

Há 200 anos nasceu Richard Wagner

O compositor alemão Richard Wagner (1813-1883)

Completam-se hoje 200 anos sobre o nascimento de um dos compositores mais extraordinários e mais controversos da história da música europeia: Wilhelm Richard Wagner.

Adorado por uns e odiado por outros, Richard Wagner nunca deixou ninguém indiferente. Uma das maiores acusações que contra ele se fazem é a de ter sido antissemita. Escreveu, nomeadamente, um ensaio intitulado Das Judentum in der Musik (O Judaísmo na Música), em que acusa os judeus de corromper a cultura alemã. Há também quem julgue encontrar vestígios de antissemitismo em algumas das suas óperas. É igualmente por demais sabido o entusiasmo com que os nazis exaltaram a obra de Wagner. Apesar de tudo isto, o maestro e pianista Daniel Barenboim, que é judeu, não desdenha de maneira nenhuma dirigir óperas e outras composições de Wagner. No Youtube estão vários vídeos que mostram Barenboim a reger Wagner.

Politicamente, Wagner seguiu uma linha próxima do anarquismo e foi amigo de Bakunine, entre outros anarquistas notórios. Wagner teve sérios dissabores com o poder por causa das suas opiniões radicais e da sua ação política. Contraditoriamente, ele é visto por muitas pessoas como tendo sido um nacionalista, pois muitas das suas óperas, cujos libretos ele mesmo escreveu, trazem à cena temas da mitologia germânica e exaltam alguns dos seus heróis, como Lohengrin, Siegfried ou Brünhilde.

Independentemente da opinião que possamos ter de Wagner como homem e como político, uma coisa temos que lhe reconhecer. Como compositor, Wagner inovou profundamente a música, abrindo o caminho para as radicais transformações que a música europeia veio a conhecer nos princípios do séc. XX. A renovação introduzida por Wagner esteve muito longe de suscitar um apoio unânime. No séc. XIX, os melómanos formaram duas correntes antagónicas, que se combateram ferozmente em ferventes polémicas nos jornais: por um lado, uma corrente conservadora, que idolatrava Johannes Brahms, cuja música seguia estritamente a linha do romantismo; por outro lado, uma corrente renovadora que endeusava Richard Wagner. Polémicas àparte, há lugar na música para os dois compositores, Brahms e Wagner. Pessoalmente, prefiro Wagner, embora também aprecie muito a música de Brahms.


A Morte de Isolda (Liebestod), da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner, pela soprano sueca Birgit Nilsson (1918-2005)

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