05 novembro 2013

Quadras populares de Olivença


Igreja de Santa Maria Madalena, Olivença (Foto: xuaxo)


Quadras recolhidas pelo oliventino Ventura Ledesma Abrantes em 1930-1940
O meu coração é teu,
o teu é de quem tu queres.
Uma troca faria eu,
lindo amor, se tu quiseres.

Se eu tivesse não pedia
coisa nenhuma a ninguém.
Mas, como não tenho, peço
uma filha a quem a tem.

Na vila de Olivença
não se pode namorar!
As velhas saem ao sol
e põem-se a criticar!

Tenho corrido mil terras,
cidades mais de quarenta,
tenho visto caras lindas,
só a tua me contenta.

Abalei da minha terra,
olhei para trás chorando.
Adeus terra da minha alma,
que longe me vais ficando.

Ó minha mãe, minha mãe,
companheira de meu pai!
Eu também sou companheira
daquele cravo que ali vai!

Quando eu principiei a amar
de amores não entendia;
agora já fiquei mestre
daquilo que não sabia.

Toda a vida fui pastor,
toda a vida guardei gado;
tenho uma chaga no peito
de me encostar ao cajado.

Teu pai e tua mãe não querem
lindo amor que eu te logre;
queiras tu e queira eu,
que com amor ninguém pode!

Minha mãe ouviu lá fora
tu jurares devagarinho,
dizer-me que me querias
e roubares-me um beijinho!

Anda cá para os meus braços
se tu vida queres ter,
que os meus braços dão saúde
a quem está para morrer!

Quadras recolhidas pelo prof. Hernâni Cidade em 1950-1960
Falei contigo uma noite
e não sei como te via,
os teus olhos tinham luz
e a noite parecia dia.

Vamos cantar os Reis
à porta do lavrador,
que tem a mulher bonita
e a filha que é uma flor.

Vi-te à janela uma noite
chorando penas, aflita.
A Lua batia no rosto
mostrando a tua desdita.

Meu coração chora sempre
as lágrimas de uma santa;
são queixumes portugueses
que se ouvem na barranca.

Estas e outras quadras encontram-se no seguinte fórum: http://www.foro-ciudad.com/badajoz/olivenza.

Portal dos Paços do Concelho de Olivença (Foto de autor desconhecido)

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