12 dezembro 2013

Os índios Zo'é

(Foto: Sebastião Salgado)

Há poucos anos, vi na televisão (talvez na RTP 2) um documentário sobre uma das tribos mais isoladas da Amazónia: os Zo'é, que são uma pequena tribo de índios tupis, de apenas 256 pessoas (dados de 2010), que vivem algures no meio da floresta, no norte do estado do Pará, Brasil. Fiquei impressionado com o que vi, a começar pelo enorme toco de madeira que os membros desta tribo usam, suspenso do seu lábio inferior furado, e que constitui a sua imagem de marca, digamos assim. Mas além do seu horrível (aos meus olhos) piercing, se assim lhe podemos chamar, o que mais me fascinou no que vi sobre os Zo'é foi a sua extraordinária amabilidade, imensa ternura e enorme doçura. Eles mostraram-se mais gentis do que eu alguma vez tinha visto em qualquer outra população. Aqueles índios, que muitos de nós poderiam considerar primitivos e até selvagens, aparentando viver ainda na Idade da Pedra, surgiram no programa como sendo os mais civilizados dos seres humanos.

Há poucos dias, o meu interesse pelos Zo'é renasceu, quando encontrei no Facebook uma chamada de atenção para uma página na internet contendo algumas excelentes fotografias relativas a esta tribo, da autoria de Rogério Assis. O álbum de fotografias que vi referido no Facebook está em http://www.rogerioassis.com.br/album/zo e é o que se segue.



Procurei na internet o documentário que tinha visto na televisão. Não o encontrei. Em seu lugar, encontrei um documentário espanhol, também sobre os Zo'é, que me parece ser bastante objetivo, ao dar-nos uma visão global desta tribo, do seu modo de vida e de alguns dos seus costumes. O documentário tem a duração de perto de uma hora e é o que se vê a seguir.



Se acha que este documentário é muito longo, pode ver um outro mais curto, mas também muito interessante, no qual se mostra o modo como os Zo'é entraram em contacto pela primeira vez com índios de uma outra tribo cuja existência desconheciam. É um vídeo de 1993, chamado A Arca dos Zo'é, que não posso partilhar aqui. Pode vê-lo, se desejar, nesta página do sítio Lugar do Real.

Comentários: 6

Blogger Chama a Mamãe! escreveu...

Sim. A questão indígena me encanta, até porque sou da Amazônia. Ano passado, o nosso famoso ex-jogador Ronaldo, o "fenômeno" foi passar uns dias na tribo Zo´é. Achou que iriam gostar da bola que ele levara para presentear os índios. Que nada! Os índios sequer sabiam quem era Ronaldo, e nunca ouviram falar em futebo. Conclusão, eles colocaram a bola a uns metros de distância e, ao invés de jogarem futebol com ela, eles brincaram de flechar a bola. Isso mesmo: flecharam a bola!

25 janeiro, 2015 22:44  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado pela sua mensagem, prezada "Chama a Mamãe!". Os Zo'é deviam ser as únicas pessoas no mundo que não sabiam quem era o Ronaldo (embora ele já não jogue há alguns anos) nem para que servia uma bola de futebol! Incrível! Agora já devem saber.

Aproveito a ocasião para deixar aqui o link para o verbete que consultei sobre este povo e que está na enciclopédia online sobre os Povos Indígenas no Brasil, do Instituto Socioambiental: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/zoe. Devia ter deixado este link no próprio texto deste post, mas não deixei. As minhas desculpas.

26 janeiro, 2015 02:26  
Blogger Chama a Mamãe! escreveu...

Quem agradece sou eu!
Adorei como vc comentou a respeito de um assunto,que - para mim - tem relevada importância.
Aliás, comentei sobre sua matéria em meu blog http://chamamamae.blogspot.com.br/,postada ontem.

26 janeiro, 2015 13:22  
Blogger Temática Indígena escreveu...

Interessante que muitos acreditaram na encenação feita pelo Ronaldo e o Luciano Huck. Isso porque não disseram que estavam assistindo a copa ao vivo via parabólica que há muitos anos fora instalada ali. Isso sem contar o sistema de Internet e outras modernidades ali instaladas.

22 dezembro, 2015 19:55  
Blogger Temática Indígena escreveu...

Interessante que muitos acreditaram na encenação feita pelo Ronaldo e o Luciano Huck. Isso porque não disseram que estavam assistindo a copa ao vivo via parabólica que há muitos anos fora instalada ali. Isso sem contar o sistema de Internet e outras modernidades ali instaladas.

22 dezembro, 2015 19:56  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro "Escola Indígena Apinaret", obrigado pelo seu esclarecimento. Na verdade, os indígenas têm tanto direito às modernidades como os restantes seres humanos. Não podem ser congelados no tempo, vivendo eternamente isolados do mundo. O grande desafio que se coloca é permitir que eles sejam cidadãos ativos e conscientes, sem que a sua cultura seja destruída. Todas as culturas evoluem; se não o fizerem, morrem. A cultura indígena do Brasil deve também ter condições para evoluir e adaptar-se ao tempo atual. Seria uma enorme perda para a humanidade que desaparecesse da face da terra a sabedoria que os índios desenvolveram ao longo de milénios.

23 dezembro, 2015 03:27  

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