05 outubro 2015

In memoriam Adalberto Gourgel (1968–2015)


Eu não conheci Adalberto Gourgel pesssoalmente. Apenas soube dele através do Facebook. Assim que o descobri, logo me apaixonei pelas fotografias espantosas sobre Angola e o seu povo que naquela rede social ele partilhava.

Eu não conheci Adalberto Gourgel pessoalmente. Sei apenas o que ele escreveu sobre si próprio no Facebook: que nasceu em Luanda em 8 de janeiro de 1968, foi técnico de manutenção sénior na TAAG – Linhas Aérea de Angola, e vivia numa relação (com Selma Fernandes, que, aliás, também é fotógrafa de primeiríssima água).

Eu não conheci Adalberto Gourgel pessoalmente. Sei que faleceu no dia 2 de agosto de 2015, na sequência de um acidente de viação ocorrido no mês anterior na província do Kwanza Sul. A sua companheira Selma Fernandes, que seguia viagem com ele, também ficou ferida, mas conseguiu sobreviver. Já deu sinais de vida na sua página no Facebook.

Eu não conheci Adalberto Gourgel pessoalmente. Sei que ele e Selma se dedicaram de alma e coração à causa dos albinos de Angola, especialmente às crianças, fundando o GVAPAA – Grupo Voluntário de Apoio a Pessoas com Albinismo em Angola.

Eu não conheci Adalberto Gourgel pessoalmente. Apenas me emociono até às lágrimas sempre que vejo as suas fotografias, que ele partilhou no Facebook e outras redes sociais (nomeadamente Google+, Instagram e Panoramio), e que retratam uma Angola profunda, intensamente africana e autêntica, uma Angola que parece estar a anos-luz de distância da sua "elite" governante cleptocrata, fútil e desprovida de princípios morais. Adalberto Gourgel mostra-nos, nas fotografias que nos deixou, o verdadeiro povo angolano, um povo espoliado e sofrido, mas que sempre, sempre, sabe manter a sua dignidade. Nem o mais feroz esbulho consegue apagar a nobreza do povo de Angola.

Eu não conheci Adalberto Gourgel, mas estou-lhe infinitamente grato por ter partilhado comigo a sua imensa sensibilidade e humanidade. Obrigado por teres existido, Adalberto Gourgel. Até sempre.


A seguir, mostro algumas das fotografias que Adalberto Gourgel nos deixou. Muitas mais se podem ver em https://www.facebook.com/adalberto.gourgel, https://plus.google.com/110324045697489901959/photos, http://www.panoramio.com/user/1735329 e https://instagram.com/gourgeladalberto/.

Selma Fernandes, a companheira que o amou e foi amada por ele, é também uma notável fotógrafa. Não deixe de ver as belíssimas e profundamente humanas fotografias que Selma tem na sua página no Facebook: https://www.facebook.com/selma.yona.

O GVAPAA, que Adalberto e Selma fundaram, também tem uma página no Facebook. Se puder, contribua com protetores solares, chapéus, vestuário de mangas compridas, óculos escuros e tudo o mais que possa proteger os albinos dos escaldões e do brilho do sol africano. O endereço da página é https://www.facebook.com/Gvapaa-Grupo-Voluntário-de-Apoio-a-Pessoas-com-Albinismo-em-Angola-313807645421064/.












Comentários: 2

Blogger Chama a Mamãe! escreveu...

Nossa....como uma fotografia pode tocar a nossa abstrata alma.
Comungo contigo do que sentes, e grata, por partilhar essa riqueza.
Cada dia mais me impressiono com o teu gigantesco coração.
Um beijo...é o que posso te dar, pela matéria. E mais outro, pela oportunidade em ter conhecido Adalberto Gourgel.

05 outubro, 2015 22:53  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Agora fiquei sem palavras. Gigantesco coração, o meu?! O meu coração é igual ao de toda a gente. Quem tinha um gigantesco coração era o Adalberto Gourgel, cujas fotos são tão cheias de humanidade.

06 outubro, 2015 02:47  

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